Sobre Teias e Telonas — Parte 1: Homem-Aranha (2002–2007)

Carol Lima
14 min readNov 13, 2021

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ATENÇÃO: O TEXTO A SEGUIR CONTÉM SPOILERS!

Muitos me conhecem pelo meu amor tresloucado ao Homem-Aranha. Sendo assim, devo causar certo estranhamento ao dizer que nem sempre minha vida girou ao redor do Teioso e seu núcleo de personagens. Claro, adoro super-heróis desde criança, então assistia religiosamente às animações noventistas do dito-cujo, d’O Incrível Hulk e dos X-Men. Mas o grande amor da minha vida era Digimon. Não perdia um episódio do anime (por garantia, deixava para gravar a TV Globinho numa fita VHS caso não chegasse em casa a tempo), assistia ao filme de novo e de novo, lia a revista oficial, recortava cards de caixinhas de achocolatados, usava agasalhos e uma camiseta, sabia os nomes de todas as digievoluções de todas as criaturinhas etc.

E a chegada arrebatadora de Digimon ao Brasil coincidiu com o lançamento do grande primeiro filme live-action de super-heróis da Marvel, “X-Men” (2000). Acho que nem me importei com o fato de que as roupas eram mais próximas de “Matrix” (1999), que assisti na mesma época, do que da animação; eram os personagens que eu gostava agora em carne e osso, e isso já era suficientemente insano para mim. Então imaginem minha reação quando descobri que o Homem-Aranha receberia esse mesmo tratamento? Cheguei a ganhar uma edição da revista Herói sobre o assunto, com uma capa que, ao puxar um de seus lados para cima, revelava o rosto do ator Tobey Maguire como Peter Parker. Sendo uma criança, acabei passando cola para formar somente a máscara do Aracnídeo; genuinamente achei que era essa a intenção do artifício.

E quando tentei remover a cola e quase rasguei tudo? Ou talvez tenha rasgado tudo de fato e meu cérebro bloqueou essa memória para não me torturar ainda mais com algo que aconteceu há 20 anos.

De forma interessante, essa atitude infantil diante da capa da revista revelou um defeito de caráter que ficou ainda mais explícito ao assistir “Homem-Aranha” (2002): não me importava tanto com a pessoa, e sim com a figura do herói. Logo, o ponto principal eram as cenas de ação, que adorei de paixão. O problema é que não consegui apreciar o todo, logo não me tornei fã a partir desse primeiro filme. Tudo bem que só tinha uns 6 anos de idade e a parte da porradaria generalizada de qualquer obra era sempre o que mais me atraía, mas sinto dificuldade de relevar esse tipo de pensamento. Ainda bem que esse aspecto da minha personalidade foi mudando aos poucos, tanto que adorei “Hulk” (2003), que tem muito mais foco no drama de Bruce Banner do que na criatura em si (ainda assim, a personificação de seu trauma de infância), que tem pouco tempo de tela se comparado.

Até aí, todo e qualquer filme que não fosse totalmente voltado ao público infantil era assistido em casa, em fita VHS e, posteriormente (dezembro de 2003 em diante), em DVD. Nunca entendi muito bem essa lógica, a qual meus pais não souberam responder acerca anos depois (menores de idade poderiam ir ao cinema acompanhados de um responsável). De qualquer forma, essa barreira fora quebrada com a estreia de “Homem-Aranha 2” (2004), o qual antecipava bastante. Lembro até hoje da empolgação ao assistir uma película de super-herói no cinema, ao lado do meu pai. Assim que o título apareceu na tela e todos bateram palmas, atitude essa que segui (“É permitido bater palmas dentro do cinema? Que legal!” foi o que pensei), aquela obra se tornou a coisa mais importante do mundo por 2 horas e 7 minutos.

Sequer imaginava que a história da minha vida estava prestes a se dividir em dois a partir de então (o auge da dramaticidade, misericórdia).

Adentrei aquela sala de cinema pelas lutas inventivas que haveriam entre o Aranha e o Dr. Octopus, e saí completamente capturada pelos trechos mais humanos, pelos diálogos, pelo desenvolvimento dos personagens. Nunca vou esquecer daquele que se tornou o momento mais memorável de todo o filme: o discurso da Tia May. Foi quando entendi que não era a roupa nem os poderes que faziam o herói, mas a pessoa. Peter Benjamin Parker. O real poder de fazer o bem está dentro de cada um de nós. Ninguém nunca havia me dito algo do tipo, então foi como uma espécie de abraço, como se eu também tivesse o poder de ajudar as pessoas, de ser menos egoísta etc. Por se tratar de algo tão impactante, nunca esqueci a fala, que me emociona até hoje.

“Eu acredito que exista um herói em todos nós. Que nos mantém honestos, que nos dá forças, nos enobrece. E no fim nos permite morrer com orgulho. Ainda que às vezes tenhamos que ser firmes e desistir daquilo que mais queremos, até de nossos sonhos.”

O restante da aventura foi simplesmente incrível. Nunca antes havia me compadecido do antagonista, inclusive. Tudo foi inédito. O filme se tornou o meu favorito da vida toda, sendo uma verdadeira injeção de esperança direto na veia. Saí do cinema em completo estado de euforia e apaixonada por um novo alguém. Foi aqui que comecei a almejar ser uma pessoa melhor, mas foi também quando o fanatismo pelo personagem teve seu início, o que levou todo mundo (meus pais, especialmente) à loucura. Só conseguia pensar nesse personagem e, especificamente, em Homem-Aranha 2, o que fez com que adquirisse o álbum de figurinhas da Panini (nunca completei, infelizmente), o álbum de figurinhas do chiclete Buzzy (nunca completei também), o jogo baseado no filme (a versão atroz de PC; só tive o PSOne no Natal de 2004, enquanto que o PS2, para o qual fora lançada a versão que queria, ficou para o Natal de 2006), um action figure articulado, um bonequinho de borracha, uma camiseta da C&A etc.

Mas o início dos anos 2000 não era uma época boa para uma garota tentar expressar seu amor por um super-herói. Usei a tal da camiseta pela primeira vez numa ida ao Shopping Grande Rio com meus pais. As pessoas (adultos, em esmagadora maioria) me olhavam com cara de desprezo, como se houvesse algo de muito errado comigo. Claro que fiquei incrivelmente constrangida, e meus pais infelizmente se sentiram culpados pelo mal estar gerado, já que a vestimenta era um presente deles. Foi a primeira e única vez que a usei na rua; dali em diante, só poderia trajar meu “uniforme” em casa… mas qual era a graça, sabe? E ainda tinha o incômodo de entrar na loja da Ri Happy desse mesmo shopping e um vendedor tentar me redirecionar à sessão das bonecas, quando eu só queria ver os novos bonecos do Homem-Aranha e de quaisquer outros heróis (tinha um do Dr. Octopus que era lindo; namorei demais, mas nunca o tive).

Mantenho essa lindeza de ameaça à sociedade comigo até hoje.

Meus familiares foram muitíssimo mais compreensivos desde o começo, assim como meus amigos do primeiro colégio (mais os garotos), que se adaptaram mais rapidamente ao conceito. Ainda bem, até porque essa loucura toda com os filmes do herói estava prestes a piorar exponencialmente e todos os envolvidos seriam arrastados pela forte correnteza vermelho e azul.

Com esse amor crescente, não demorei pra demonstrar interesse nas HQs, mas essa era uma área que não poderia consumir, apenas folhear casualmente nas idas às bancas de jornal (outra das restrições inexplicáveis dos meus pais). As mensais com arte do John Romita Jr. e Marvel Século 21 (título nacional de Ultimate Spider-Man, entre outros, quando saiu pela Abril, mas que depois foi rebatizada de Marvel Millennium quando distribuída pela Panini) eram as revistas que mais conferia. Isso seria corrigido em 2005, com o lançamento de Geração Marvel: Homem-Aranha, a qual pude colecionar desde o começo (depois disso descarrilhei e li incontáveis histórias fora dessa coleção).

Retornando às películas: fiquei insanamente feliz quando me deparei com o DVD Duplo de Homem-Aranha 2 no supermercado do Shopping Grande Rio (figurinha recorrente da minha infância, não?), e estava tão elétrica pra chegar logo em casa e conferir os bastidores, erros de gravação e tudo o mais contidos naqueles discos que parecia que havia ingerido umas 3 garrafas de energético. Nem preciso dizer que assisti ao conteúdo ali presente incontáveis vezes, além dos extras escondidos nos menus. Pouco depois, comecei a caçar o DVD Duplo do primeiro filme (bem como a versão de PC de “Spider-Man: The Movie Game”, essa que era idêntica àquela dos consoles de mesa) e o encontrei rapidamente (o mesmo vale para o jogo). Também não preciso dizer que consumi tudo o que ele tinha para oferecer da mesma forma.

Em tempo: minha paixão por cinema já era gigante, mas ver como as projeções eram realizadas conseguiu aumentar esse sentimento de forma absurda. Era o tipo de conteúdo que me encantava cada vez mais, ao invés de tirar o brilho das obras finalizadas (como já ouvi algumas vezes durante a infância). E também fazia com que conhecesse boa parte das pessoas envolvidas nas produções (especialmente diretores, roteiristas e compositores). Por conta disso, sempre ficava de olho se algum filme seria lançado em dois discos, porque sempre havia um pouco dos bastidores já no primeiro e o segundo era basicamente o combo almoço + sobremesa + janta nesse sentido. Estou divagando, não é?

Sam Raimi, diretor da trilogia, na première de Homem-Aranha 2.

Enfim, esse período pós-Homem-Aranha 2 foi marcado também pela ansiedade em relação ao vindouro terceiro filme e pelo uso mais extensivo da Internet, ainda que discada (que fazia aquele barulho aterrador) e numa velocidade menos do que ideal. Foi quando comecei a visitar sites de notícia, da editora Panini, do “Spider-Man 2: The Game”, do jogo “Ultimate Spider-Man” (2005) e a assistir trailers do que estava por vir tanto nas telonas quanto nos games. Agora o ano é 2006, veja só. Eis que vaza o trailer exclusivo da Comic Con de uma certa sequência de uma certa franquia. Mil anos pra carregar um vídeo de péssima qualidade onde não entendia bulhufas do que estava sendo dito (não me interessava em aprender Inglês ainda) e mal enxergava o que estava sendo mostrado. Mesmo assim, foi o suficiente para que ficasse empolgada até 4 de maio de 2007.

Lia notícias sobre esse tal filme e acompanhava seu site oficial religiosamente, onde tinham trailers, pôsteres e imagens da produção (o mesmo valia para a adaptação para videogame). Cada pequena coisa divulgada gerava uma dose extra de adrenalina. Cheguei a comprar uma revista sobre cinema justamente porque continha novas informações e fotos acerca, e lembro de levá-la para o colégio e uma quantidade significativa de pessoas me rodearem para saber mais sobre essa sequência, enquanto despejava suposições do que poderia acontecer durante a projeção (cheguei ao ponto de escrever um livro de 60 e poucas páginas que se passava após os eventos dessa terceira película, mesmo sem saber o que iria transcorrer nela; por isso era uma história sobre a Garota-Aranha, filha dessa versão do Peter e da MJ. Imprimi, mostrei para familiares e amigos, mas não sei onde se encontra hoje em dia). Foi um período extremamente empolgante.

Esse foi o wallpaper do meu velho PC por muito, muito tempo.

O ruim é que esse foi o último ano no meu primeiro colégio (ele só ia até a 4ª série), o lugar onde conhecia todos da minha turma, além das professoras e de uma das moças da faxina, que era extremamente legal, simpática e uma das melhores pessoas com as quais já tive contato naquele ambiente. Foi incrivelmente estranho partir para uma nova escola, dessa vez insanamente maior e lotada de gente que nunca vi na vida (alguns dos meus amigos da anterior foram para lá, mas acabaram estudando em outro turno, então havia pouco contato). Não sabia socializar, fazia parte de um grupo pequeno onde um dos garotos me detestava porque eu era garota (e ainda me sacaneava), então tentei fazer parte de um grupo de garotas (não havia assunto em comum), voltei ao grupo de garotos etc. Estava perdida, para dizer o mínimo.

A única coisa naquele ano que me era familiar no meio disso tudo era o lançamento iminente de “Homem-Aranha 3” (2007). Sua estreia foi um dos dias mais antecipados da minha vida (foi a primeira vez na qual senti o tal do hype por um filme, sem sequer saber da existência do termo). Estava ao lado do meu pai no Shopping Nova América, em direção ao Cinema Severiano Ribeiro (atual Kinoplex). Acabamos ganhando até pôsteres (um se perdeu com o tempo, enquanto que o outro ainda se encontra guardado aqui em casa). Adentramos a sala, os trailers passaram, a música-tema começou a tocar, o título apareceu na tela e o arrepio foi geral ao som dos aplausos da galera. Se Homem-Aranha 2 já foi aquela coisa maravilhosa e abençoada, certeza que esse terceiro será praticamente a segunda vinda de Cristo.

Não preciso falar coisa alguma, até porque todo mundo já sabe da reputação desse filme, mas é suficiente dizer que essa expectativa exacerbada afetou bastante a percepção diante dele. Mas até mesmo na época admito que gostei (ainda que não tanto quanto de seu predecessor), só achei que tinha muito personagem e muita trama paralela, então o ritmo era acelerado demais e não dava tanto espaço para os habituais respiros da franquia. O final agridoce, com Peter e MJ dançando após tanta desgraça, foi uma baita surpresa, e também causou uma sensação estranha de despedida. Não esqueço de sair da sala durante os créditos finais, com a música Signal Fire, da banda Snow Patrol, tocando enquanto levanto a cabeça e olho para a telona uma última vez.

Apesar de tudo, creio que esse foi o filme do qual mais consumi merchandising. Action figures, álbum de figurinha da Panini (meu avô passou na banca um dia, lembrou que eu adorava o Aranha e comprou. Foi o primeiro que completei na vida), radinho no formato do rosto do herói, walkie-talkie, lençol, fronha, brindes de biscoitos/salgadinhos e cereais, revistas recontando a trama, picolé sabor tutti-frutti (vinha um adesivo com arte promocional, mas era minúsculo. Sofri, porque o sabor era incrivelmente enjoado e passei o resto da tarde no colégio com ânsia de vômito), canecas (os dois modelos do Cinemark), copo (era meu favorito. Foi com Deus, infelizmente. Mas viveu uns bons anos), Banco Imobiliário tematizado, jogos (“Spider-Man 3: The Game” em suas versões de PS2 e PS3, sendo meu primeiro título do último), UMD (ainda que 2 anos depois) e, claro, DVD Duplo (que veio com uma camiseta que hoje em dia está bastante surrada. Nem preciso dizer que assisti aos bastidores um milhão de vezes). Acho que teve mais, mas me lembro mais desses.

Por que não assistir ao filme no PSP, não é mesmo? Só faltam os dois primeiros, mas Homem-Aranha 2 é exclusivo das primeiras tiragens do primeiro modelo do portátil da Sony.

Vale dizer que um dos itens mais inusitados adquiridos durante essa época foi o DVD Duplo de “Homem-Aranha 2.1". Minha memória não é tão específica quanto a data na qual esse produto foi comprado, mas soube que começou a ser comercializado pouco antes da estreia do terceiro filme nos cinemas (então acho que a aquisição ocorreu durante a sua exibição nas telonas). Trata-se de uma versão estendida com novos segmentos dos bastidores, e que também apresenta um sneak peek de Homem-Aranha 3. O estranho é que não vi anúncios ou algo do tipo acerca de seu lançamento, então dar de cara com esse produto na Loja Americanas do Barra Shopping foi um misto de susto e alegria (fora que era a última cópia disponível).

Outra ocorrência um tanto quanto fora do comum foi assistir ao filme nos cinemas uma segunda vez, feito que nunca havia realizado até então. Dessa vez fui ao lado da minha mãe, da minha tia, da minha avó e de duas das minhas tias-avós, no Cinemark do Shopping Jardins, em Aracaju. Dizer que foi um desastre é pouco, para ser sincera. Minha mãe e minha tia não paravam de conversar (foi esse inferno durante toda a projeção, e eu ficava ali que nem uma professora pedindo silêncio aos alunos), minha avó estava com nervoso nas pernas (por causa do ar condicionado, tadinha) e uma das minhas tias-avós dormiu por um bom tempo (para depois falar que o segundo filme era melhor). Apesar de caótico, foi um dia memorável, tanto que rendeu esse parágrafo inusitado (além de ser uma lembrança que me faz rir).

Mas esse período maravilhoso chegou ao fim, apesar de ainda chamar mais familiares para assistir ao filme em DVD (meu tio, por exemplo, que começou a se interessar muito mais pelo Homem-Aranha por culpa minha). Ficava aquele sentimento de incerteza. Afinal de contas, haveriam mais continuações? Sendo otimista, pensei que poderiam realizar uma nova trilogia (“Se Star Wars foi até o sexto filme, por que não Homem-Aranha?” pensei). Mas teria uma nova companhia em 2008, tanto no mundo do Aracnídeo quanto na vida real.

Voltei a estudar no turno da manhã nesse ano, e acabei conhecendo novas pessoas (mais uma vez um grupo composto por garotos, mas mais saudável que o do ano anterior). Enquanto isso, a série animada “O Espetacular Homem-Aranha” (20082009) era lançada, essa que fazia diversas homenagens visuais à trilogia do Sam Raimi. Havia essa sinergia bacana entre a animação, filme e quadrinhos que unia todas as tribos, por assim dizer (o que faz dessa a minha série favorita do personagem até hoje). Dois desses amigos também gostavam das películas, então despejava minha empolgação para um possível quarto filme e ficávamos deduzindo o que poderia acontecer, além de comentar sobre os episódios d’O Espetacular, os quais assistia assim que eram lançados.

Uma compilação feita por fã mostrando algumas das várias referências visuais aos filmes.

Tudo muito bom, tudo muito divertido. Mas aconteceu um acidente no percurso que nenhum de nós poderia prever. Meus amigos e eu aproveitávamos a hora do intervalo alguns dias para ficar de bobeira na sala de aula vazia. Uma das atividades era alguém falar sobre os personagens da Marvel nas HQs. Caso dissessem algo que não era canônico (que soubesse na época), eu teria que correr atrás dessa pessoa fingindo sentir raiva pelo erro. Um deles soltou “O Homem-Aranha é gay!” e corri atrás, bufando de brincadeira. O problema é que um grupo de moleques que fazia bullying adentrou a sala nessa hora, e eles entenderam erroneamente que aquela frase me deixava irritada de verdade. Então, fui importunada com gracinhas, empurrões, cadeiras rabiscadas com obscenidades, gritaria, atenção indesejada, itens quebrados ou roubados, incompetência do colégio e afins de 2008 até 2013 (que foi o último ano do Ensino Médio). Para piorar a situação, achava que tudo era culpa minha (no começo). Assistir aos filmes, às animações, jogar os games e ler os quadrinhos — coisas que tanto amava — faziam com que me sentisse mal. Para piorar ainda mais, isso tudo me estressou tanto que comecei a sofrer de convulsão (condição para a qual tomo medicamentos até hoje).

Ainda que todo o ocorrido tivesse danificado inicialmente minha relação com o Teioso, logo as coisas se resolveram, ainda que lentamente, quando a Sony anunciou que “Homem-Aranha 4” seria lançado em 6 de maio de 2011. Nada me deixaria mais feliz do que ver onde meus personagens favoritos se encontravam na vida e quais perigos teriam que enfrentar dessa vez (haviam especulações sobre o Abutre ser o principal antagonista da vez, e até ideias de cenas de ação foram noticiadas). Estava preparada para reencontrar esses meus amigos da ficção de braços abertos. O ruim é que, pouco depois, fora anunciado que a Disney havia comprado a Marvel, o que significava que a animação O Espetacular Homem-Aranha seria cancelada, chegando ao fim com apenas duas temporadas e muita história que não veria a luz do dia. Mas tudo poderia piorar ainda mais: Homem-Aranha 4 também fora cancelado, ainda que por outros motivos.

O pôster divulgado na época, que até hoje é motivo de debate sobre sua veracidade.

Um deles era que Sam Raimi se encontrava insatisfeito com os rascunhos do roteiro, então todos saíram do projeto. O outro, que me faria aprender uma palavra e seu conceito, era que a Sony queria realizar um reboot do personagem nos cinemas. Um recomeço.

CONTINUA…

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Carol Lima

Um cérebro conectado a uma rede vasta e infinita que faz uns textos sobre a cultura pop e cria uns contos